Luz garra
Aí no silêncio onde moras à luz oblíqua de outono sou teu íntimo felino Garra da tua sombra mago devoto na tua luz Improvavel profeta ecrã impossível tocar-te e fuga e som
O que fica do tempo que passa
Aí no silêncio onde moras à luz oblíqua de outono sou teu íntimo felino Garra da tua sombra mago devoto na tua luz Improvavel profeta ecrã impossível tocar-te e fuga e som
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha, A essa hora dos mágicos cansaços, Quando a noite de manso se avizinha, E me prendesses toda nos teus braços… Quando me lembra: esse sabor que tinha A tua boca… o eco dos teus passos… O teu riso de fonte… os teus abraços… Os teus beijos… a tua … Continue reading Se tu viesses ver-me…
Liberdade Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro para ler E não fazer! Ler é maçada, Estudar é nada. Sol doira Sem literatura O rio corre, bem ou mal, Sem edição original. E a brisa, essa, De tão naturalmente matinal, Como o tempo não tem pressa… Livros são papéis pintados com tinta. … Continue reading Liberdade
Em todas as mesas se falam homens antigos e mulheres de histórias que não viveram memórias só gestos de agora [é verão] na cara deles há delas memória e um precipício em tempo e um muro quente que se derrete sem pressa
Manobras o ponteiro dos minutos como se fosses uma fera enjaulada. Como se nada houvesse que não seja o vazio eterno dessa estrada. Não me levanto nunca sem pedir que a tua alma acabe, que o teu leito resvale, que o teu cigarro se apague; e cinza e sono e deus, se ponham de acordo … Continue reading Tempo [ii]
Com a leveza do ar e o peso das memórias levanto voo no anoitecer de sábado. É a viagem, é a viagem! É o mar é o mar me chama. É a terra que deixo sempre para trás Sem a olhar como merece. Vertigem da vertigem [a vertigem dá vertigens] E eu prossigo impassível como … Continue reading Seguir
Devolvo à minha memória o teu olharFoi no ano em que éramos jovensNós e o nosso amor enfeitado de madressilvasborboletas e mais animais mitológicosVeio o tempo que me empurra e eu empurro-teA lua lá fora já não brilha em estrofesnão canta elegias e sonetos nem encanta novidadesOlho à volta e não consigo sair desta rima … Continue reading Tempo
Pela hora da lua sinto a tua falta. Não há um reflexo que te traga nem luz que te devolva. Partiste. És aura e só memória e contornos indefinidos. Azul, anil, apenas cinza. Sempre passado.
Porque queres que tenha saudades do futuro? (…)Eram sempre as mesmas contradições que ele via quando pousava os olhos na enguia luminosa que o rio projetava no sol da meia tarde. Era ali que estava tudo, e “tudo”, era um sentimento incessante, como se “tudo” não pudesse ser mais que as sombras desenhadas na aba … Continue reading Saudades do futuro (II)