Todos os dias àquela hora o vendedor de tâmaras cego estava exatamente no centro da elipse imaginaria que descrevia com perfeição a metade inexistente do arco maior da Porta do Sol.
Nessa tarde precisa em que o recordo o céu era de chumbo, a luz apenas uma miragem e a praça varrida pelo vento Harmatão, mais deserta que o coração do Sael.
Quando mais ninguém se atrevia a por pé fora de casa, ele lá estava. Hirto quase de mármore, desafiando o “doutor”, dia após dia, até que o Siroco trouxesse de volta ao crescente de prata que decorava o ático cravado na pedra, um raio de lol.
A voz de Ibrahim, se aquele lamento quase surdo e monocórdico fosse realmente humano, era maior que a tempestade.
O senhor Alva Luz - Espuma dos dias
[…] instante anterior ao primeiro sopro do Harmatão a porta abria-se de rompante ele saía. Sem hesitação, num passo largo e constante ia ao encontro […]
Chiclanera - Espuma dos dias
[…] fora impreciso o vento corre frio. Um semi tom de sol, cálido às vezes, nas esquinas resguardadas. A ruas da cidade […]
O teu perfume - Espuma dos dias
[…] entrou no meu cérebro; talvez por essas molares diluições pelas quais o sentido do mundo resvala pelos meus pulmões adentro emprenhando o ar; mas uma vez concebida, ela nunca mais me abandonou, dia e noite e noite e dia e todas as suas […]