A alegria é dada aos rudes,
E aos gentis a tristeza
Eu não preciso de nada,
e de ninguém tenho pena.
Talvez um pouco apenas de mim mesmo
Essa piedade que damos aos cães vadios na beira da estrada, essa estrada que me leva à taberna.
Mas porque que jurais, seus demónios?
Não serei eu filho do meu país?
E quem de nós não suspirou por uma bebida em seu colo.
Fico a olhar as janelas,
Tenho no coração uma tristeza tépida.
Mas na rua à minha frente,
Toda ensopada ao sol.
vem um menino ranhoso.
[O ar é frito e seco]
O menino está feliz
escarafunchando com um dedo macaquinhos do nariz
Tira, tira, meu querido,
Põe teu dedo lá em cima,
Mas não uses o poder
Para entrares com ele em tu’ alma
Estou pronto… Eu sou tímido…
Vês todas estas garrafas?
Apanho-lhes todas as rolhas
Para entupir minh’alma.
Sergei Yesenin – 1923